Lesão Ligamentar Medial

Dr. Joel Murachovsky     Especialista em Cirurgia de Ombro e Cotovelo

Contatos: 11-32570763   ou  11- 37391334

LESÃO DO COMPLEXO LIGAMENTAR MEDIAL DO COTOVELO Causas, Sintomas e Tratamento

O Complexo ligamentar medial é composto por 3 porções: a anterior, a posterior e a Obliqua. A porção anterior pode ser subdividida em 2 bandas: a Antero-medial, que fica tensa quando o cotovelo é extendido e a póstero-medial que fica tensa com a flexão do cotovelo.

Complexo ligamentar medial

A porção anterior desse ligamento é considerada a principal estabilização contra as forças em Valgo do cotovelo (estabilizador primário), sendo sua  banda Antero-medial  a mais importante, já que estabiliza o cotovelo entre 30 e 120 graus de flexão. A lesão da porção anterior  leva a uma instabilidade em valgo em praticamente todas as posições de flexo-extensão, exceto a extensão completa, devido ao bloqueio ósseo. Contudo uma lesão da porção posterior desse ligamento do cotovelo não leva a um comprometimento da estabilidade do cotovelo.

A cabeça do radio funciona como um estabilizador secundário ao estresse em valgo do cotovelo, assim como os músculos flexo-pronadores tem uma parcela na estabilidade medial estática e dinâmica do cotovelo.

O mecanismo mais comum de lesão do complexo ligamentar medial do cotovelo é sua atenuação crônica, observado frequentemente em atletas arremessadores. Mas lesões pós traumáticas ocorrem com o cotovelo em extensão, combinando uma deformidade em valgo com rotação lateral do antebraço. Geralmente essas lesões agudas cicatrizam e dificilmente resultam em instabilidade.

O paciente com lesão do complexo ligamentar medial se queixa de dor ao pegar peso com o braço acima da altura do ombro, quando em rotação lateral. Pode se queixar de dor ao arremessar uma bola, ou dardo, ou ao sacar ou cortar. A dor geralmente é uma dor medial no cotovelo. Outros paciente reclamam de dor ao final do movimento , na extensão completa do cotovelo, geralmente posterior. Isso se dá pelo impacto posterior, comum em pacientes com lesão do complexo ligamentar medial. Também podem reclamar de dor lateral pelo impacto da cabeça do rádio com o capítulo. Existem pacientes que reclamam, ainda, de dor  no trajeto do nervo ulnar e até de parestesia (formigamento) nos 4 e 5º dedos da mão. Isso ocorre por uma inflamação associada do nervo ulnar, comum nesses casos de lesão do complexo ligamentar medial. O paciente pode apresentar dor `a palpação do território do local onde se encontra o complexo ligamentar medial. O teste de estresse em valgo, geralmente, é positivo e o paciente reclama de dor ao simular o movimento realizado durante um arremesso.

A radiografia simples do cotovelo é importante pois ela mostra sinais indiretos de lesão crônica do complexo ligamentar medial, tais como: calcificação no território do ligamento, osteófitos posteriores e laterais e eventualmente, corpos livres, devido ao impacto posteior e lateral que geralmente ocorrem nesses atletas com essa lesão. A ressonância Magnética confirma a lesão da porção anterior do complexo ligamentar medial.

O tratamento de início é conservador, baseado no repouso relativo, evitando-se os movimentos que causam dor, gelo, fisioterapia analgésica e medicações analgésicas e anti-inflamatórias. Posteriormente, indicamos exercícios de alongamento e fortalecimento dos flexo-pronadores.

O tratamento cirúrgico é indicado na falha do tratamento conservador, geralmente em certos grupos de trabalhadores braçais e atletas de arremesso de alto rendimento e que não conseguem se adaptar a mudanças no seu estilo de jogo, o que poderia prevenir a dor. A instabilidade em valgo causa pouca limitação para pessoas que realizam atividades simples do dia a dia com o cotovelo e nesses pacientes o tratamento conservador usualmente traz excelentes resultados.

O tratamento cirúrgico se baseia na recontrução da porção anterior do complexo ligamentar medial. Para isso túneis ósseos são realizados tanto no úmero como na ulna e parte de um tendão (palmar longo, grácil ou semi-tendinoso) é passado por esses túneis e depois amarado nele mesmo. O paciente segue um protocolo pós-operatório rígido baseado no uso de órtese para ganho progressivo da amplitude de movimento e com 6 meses inicia um trabalho para retorno ao seu esporte.